terça-feira, 28 de abril de 2009

OS AMIGOS


Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a Terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós – diziam – lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
- Que cento e nove impávidos marotos.

de Camilo Castelo Branco


Pois é... os verdadeiros amigos contam-se pelos dedos da(s) mão(s). O resto é passageiro. Decora o nosso vazio mas não o preenche.
O que interessa é a qualidade e não a quantidade.
Confesso que sou muito meticulosa a escolher os meus amigos.
Quem se congratula por ter muitos amigos, ilude-se. Quando for mesmo necessário, maior parte desaparecerá. Mas só assim descobriremos os verdadeiros.
Os falsos amigos são como as ondas do mar: vão e vêm num piscar de olhos...
Os verdadeiros são como as pedras depositadas na areia pelo mar, e nela ficam anos e anos...
As pedras, nós podemos apanhá-las, senti-las, guardá-las... E as ondas do mar...?

2 comentários:

Anónimo disse...

está muito fixe
beijinhos

Ana Isabel disse...

Adorei o poema do Camilo Castelo Branco. Muito bonito.