segunda-feira, 18 de julho de 2011

Em coma

Como vim aqui parar?
Que corredor tão estreito… Não gosto desta escuridão que me rodeia e me bloqueia o pensamento e o espírito. Sinto a presença constante da Morte. Este lugar é sufocante, sem ar nem janelas que o possam trazer até mim. Parece que a Vida me abandona lentamente e uma morbilidade se apodera do meu corpo.
Que estranho… o meu corpo pesa. Não obedece prontamente aos gestos que tenciono executar. Dar um simples passo chega a ser desgastante, toma-me as energias. Nunca senti isto antes. É difícil não me deixar invadir pelo desespero. Tenho um vasto corredor a percorrer e mal consigo sair do mesmo sítio. Mesmo que conseguisse andar de forma natural, o corredor parece não ter fim, é uma escuridão tremenda. Onde vai dar?
Estarei a sonhar? Sinto o calor de uma cama, o resguardo de um lençol. Não consigo levantar as pálpebras por mais que tente. Da minha boca não sai qualquer tipo de som. A minha voz esmoreceu comigo na escuridão. Oiço vozes… como que vindas de um rádio mal sintonizado. Às vezes parecem-me familiares.
Não me lembro de nada. Existe apenas um ruído indecifrável que me faz sentir um arrepio mortal. E algumas visões. Algumas dão-me paz e fazem com que consiga ter forças para dar mais um passo.
Meu Deus, que retrato adorável. Nem acredito que me recordo do dia de anos do meu bisavô. Sinto-me bem no seu colo. A sua mão, já frouxa pela idade, segura a minha com uma ternura tal que até hoje esta se entranhou no meu coração. Porque já não estou ao seu colo? Porque choram? Ele está deitado no caixão. Choro também porque a chucha caiu da mão da minha avó na altura em que tremia convulsivamente ao ver o corpo inerte do seu estimado pai. Porque está o meu bisavô a fazer com que tanta gente chore? Porque não vem pegar na minha mão e levar-me a passear, ensinando-me a dar passos mais concisos e menos vacilantes? Afinal, tenho de aprender a andar melhor.
Esta escola é enorme. Mãe, acho que quero voltar para casa. Disseste-me que o primeiro dia de escola seria alegre, mas estou a achar isto um pouco aterrador. E se me perco? Leva-me a almoçar a casa dos avós.
Sim, o ano correu muito bem, obrigado. Ainda estou a pensar no curso que hei-de tirar. Tem de ser um de que goste realmente. Ainda tenho três anos antes de chegar à faculdade.
Bem, o primeiro ano já está concluído! É necessário festejar. A vida académica ainda mal começou e acabará sem darmos por isso. Que ano trabalhoso. Sair? Porque não?
Já chega. Já bebeste demais, vamos embora. Se te mandam parar na estrada, estás metido numa bela alhada. Olha-me aquela… também está bonita. Vamos lá embora. Vai com calma, está a chover. Não, não tem piada. Não se riam vocês!
Sinto vontade de chorar! Este ruído é horrível, não sai da minha mente! Este corredor sem fim está a absorver-me! Quero ir ter com a minha família e com os meus amigos, já chega deste pesadelo.
Já não sei o que sinto. Já não me sinto. Já não sinto.
Quem está aí? Bisavô… és tu? Porque nunca mais vieste ter comigo? Eu não consigo sair deste corredor. Que bom, trazes contigo uma luz.
Que som é este? É o barulho estridente de uma máquina… antes dava réplicas do bater de um coração. Que berros são estes? Porque está tanta gente a gritar? Foi apenas uma máquina que parou. Oiço os meus pais e os meus avós a chorar. Tenho medo. Não compreendo toda esta agitação. Sinto-me fria por baixo do lençol.
Podemos sair daqui? Ensinas-me a andar novamente?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Respirando o passado

Ajudo um senhor a subir para o autocarro. A idade pesa e não perdoa.
Entro e oiço “Baby” de Justin Bieber. Olho para identificar o ouvinte, surpreendida com o volume bastante audível da música... A ouvinte é uma jovem. Calma e discretamente, sento-me e oiço o meu próprio som.
Desço do autocarro após o conhecido trajecto percorrido em 4 anos. Obras na antiga Clínica Veterinária (onde realizei uma Curta), pertencendo já há uns anos à PJ, finalmente em andamento.
Avisto o Liceu centenário, com o patrono Camões à porta, sempre pronto a receber um dos seus antigos discípulos. Percorro escadas, corredores, e respiro com prazer. Cheira-me a passado. Anseio absorver tudo de um único trago. Memórias soltas que se unem enquanto chego ao destino.
Encontro dois antigos colegas enquanto espero pelo início. Percorridas as escadas em caracol que dão acesso a um ambiente mais íntimo, encontro mais caras conhecidas.
As luzes apagam-se para que o teatro comece. Este apagão fez-me entrar em pensamentos mais profundos. Pensei na minha antiga turma. Nos ausentes, nos presentes e em quem partiu por sua vontade. Cada um seguiu o seu caminho. Contudo, caminhos cruzaram-se hoje na sala escura. Percorre-me um misto de aflição e alegria.
Excelente teatro, que nos fez pensar sobre temas como o aborto, a diferença de idades nas relações, a situação em que o país se encontra, os sentimentos do ser humano... Tanta coisa em uma hora. Apenas 4 actores. Uma profunda representação de cada tema, em que o silêncio muitas vezes significa mais do que as palavras. Comunicação verbal e não verbal.
O teatro acaba. Felicito os actores que, apesar de amadores, são bastante bons a fazer o que amam. Sinto orgulho. Orgulho da minha amiga participante, por quem fui assistir à peça. Lá começam os nossos risos abafados devido ao espectador inconveniente que lá estava e às suas intervenções descabidas. Comunicação não verbal novamente.
Chega a altura da despedida. É necessário retomar aos caminhos divergentes. Mas são horas como estas que fazem com que tudo valha a pena. São estas retrospectivas que nos fazem pensar até onde chegámos.
Fico contente por conseguir, de certa forma, unir o meu passado e o meu presente. Contente por tentar manter vários laços de amizade que valem realmente a pena. No meu coração só existe lugar para gente boa, genuína... tal como tu, Isabel. MUITOS PARABÉNS pela tua actuação.

Conversa antes da ida ao teatro:
- Avó, sabes... eu fico contente por conseguir tentar juntar o passado e o presente. Estou na faculdade, mas ainda mantenho os laços de infância. Laços que criei na primária, na escola básica e no secundário. Isto é bom, não é?
- Claro que sim. Fazes muito bem.
- Penso que isto ajuda a manter um equilíbrio interior, alguma estabilidade.

O futuro por vezes assusta. Tudo o que é desconhecido assusta. Devemos encará-lo, mas são necessárias bases para o fazer.
Eu sou o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Se não os conciliar serei tudo... menos eu.


sábado, 26 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morte de José Saramago


Foi com grande surpresa que hoje vi no telejornal da SIC a notícia de José Saramago.
Não sabia que estava doente e não estava nada à espera, tal como se passou com João Aguiar.
Tive pena, pois adorei “Memorial do Convento” e até achava alguma piada à sua maneira de ser e aos seus argumentos. Dissemos muitas vezes que este seria o único escritor vivo que iríamos dar no 12º ano, visto que Camões, Pessoa e Sttau Monteiro já faleceram. Acabámos por ser os últimos a dar “Memorial do Convento” com este escritor vivo.
Para o ano, já só darão matéria de escritores falecidos.
Perdeu-se o único português que até hoje conseguiu trazer ao seu país a honra de um Prémio Nobel da Literatura. Portugal empobreceu. Sem Camões, sem Eça de Queirós, sem Fernando Pessoa, sem Saramago... quem irá ocupar agora o glorioso lugar?

Saramago morreu...
Menos um empecilho para a Igreja, menos um espelho para Portugal... é pena.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Curta - O Olho de Camões


A Curta ficou linda! Está muito boa.
Foi realizada pela turma de Área de Projecto Linguagem e Cinema (12º I e 12º J), do Liceu Camões.
Vale a pena ver!

http://www.youtube.com/watch?v=S0LOYoU7pa8

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Morte de João Aguiar














Só hoje soube da morte do escritor João Aguiar. Faleceu dia 3 de Junho.
Senti-me momentaneamente vazia, regressei bruscamente ao passado, ao ano de 2007.
É como se tivesse sido ontem que o vi à minha frente, no Auditório Camões, a dar o seu testemunho enquanto aluno do Liceu Camões, estava eu no 10º ano.
Não consigo explicar porquê, mas este senhor marcou-me, esta conferência... talvez a sua simplicidade, a sua amabilidade, a maneira de falar da nossa (minha e dele) escola...
Recordo-me de ter dito: "Os Maias" deveriam ser novamente proibidos para que os alunos o lessem.
(E eu quando li, gostei imenso.)
Recordo-me vagamente das suas palavras pois já passaram mais de 3 anos, mas lembro-me de pensar muitas vezes: "Quando souber da notícia da sua morte, vou ter pena, pois gostei da sua forma de ser, de falar...".
E este pensamento realizou-se hoje... Não sei o que dizer. Sei apenas que gostei da sua companhia de 1h30 min, falando à geração futura.
Faleceu no ano do Centenário da nossa escola. Triste perda.

domingo, 28 de março de 2010

Damas Renascentistas













Duas damas renascentistas em pleno século XXI. (Ana Isabel e eu)
Imortais almas que festejam o Centenário de Camões (do Liceu).

sábado, 27 de março de 2010

Amores Renascentistas














Pergunto ao céu infinito por D. Sebastião,
Esperando sempre por ele... mas em vão.
Se ao menos Camões me amasse verdadeiramente,
Desistiria de esperar por quem não volta certamente.

Que desgosto é o nosso, ó damas,
Amar cavalheiros inconstantes.
Destes amores consomem-nos as chamas,
Tornando-nos imprudentes e submissas amantes.

Cátia Tocha, a Renascentista do Século XXI

sábado, 20 de março de 2010

"Gato que brincas na rua"


Gato que brincas na rua,
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Visita à Associação APAV

















Não se cale. Procure ajuda, procure a APAV
(Associação Portuguesa de Apoio à Vítima).

(só as crianças não podem optar por fazê-lo pois não fazem ideia da sua existência, são seres dependentes. Mas, em caso de suspeita de maus tratos, a APAV investiga.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Visita à Casa do Gil















Hoje, no âmbito da disciplina de Sociologia, fui com a minha turma visitar a Casa do Gil.
Fomos muito bem recebidos pelo Assistente Social, que nos falou acerca da Fundação e da Casa (A Fundação do Gil não é a mesma coisa que a Casa do Gil. A Casa do Gil é um dos vários projectos da Fundação.).
A Casa tem capacidade para acolher 16 crianças, dos 0 aos 12 anos. Só acolhe crianças temporariamente, no máximo de 6 meses (e, em alguns casos, 8 meses. Não mais do que isso.).
Esta Casa tem capacidade para albergar quatro pais, mas só se for comprovado que é mesmo necessário para a criança a presença dos mesmos.
O simpático Assistente Social mostrou-nos toda a Casa. Maior parte das crianças estava na escola, excepto os bebés (vimos dois, entre 1 e 2 anos) e uma rapariga.

O Assistente queria que percebêssemos e que transmitíssemos algumas mensagens para os nossos colegas, amigos,...:

- A Casa do Gil NÃO é rica. É das instituições mais conhecidas, mas também necessita de ajuda.
- A Casa do Gil NÃO deve ser considerada rica por aparecerem "tias" a dar a cara. Maior parte dos que lá trabalha não são "tias".
- A Casa do Gil NÃO acolhe só crianças pobres, não tem nada a haver. Acolhe crianças que necessitam de tratamento médico. Algumas já lá estiveram, e não provinham de famílias pobres. (Uma criança que seja da Madeira, por exemplo, e que necessite de fazer um tratamento de saúde temporário em Lisboa, pode ser colocada na Casa do Gil).
- Vão existir mais duas Casas do Gil (uma em Gaia, e outra no local onde era a Expo 98).

É por isto que recebem os alunos, para os sensibilizar acerca das dificuldades de outras pessoas, para que queiram ajudar, e para que a própria Fundação nos possa esclarecer quaisquer dúvidas.

Outras Instituições que necessitam de ser apoiadas:

- Casa Sol (Associação de Apoio às Crianças Infectadas Pelo Vírus da Sida e Suas Famílias)

- Ajuda de Berço (Associação Particular de Solidariedade Social)

- Casa do Gaiato

- Casa do Artista

E muitas outras. (As que coloquei aqui são as mais conhecidas. Existem outras que ainda permanecem incógnitas para maior parte das pessoas, e que também necessitam de ajuda).

Quem puder ajudar estas Associações, seria bom que o fizesse. Elas agradecem.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Francisco (Kiko)















Aqui está uma foto do meu irmão, como eu disse que haveria de colocar.
Já tem quase 1 ano e meio. Esta foto foi há um mês, aproximadamente.
Para além de estar mais giro, também é mais bonito ao vivo.
Fui eu quem escolheu o seu nome, só para lhe poder chamar Kiko, porque não gosto de "Chico"!
E também sou madrinha dele. Pedi logo para o ser ainda ele estava na barriga da minha mãe! Portanto, já vou em dois afilhados. Quem quiser já sabe...
(Estou a brincar. Dou mais valor ao facto de ser irmã dele, do mesmo sangue. Isso é que interessa.).
É muuuuuito fofinho. Só podia, não é...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Primeiro Aniversário do Blogue


Pois é... o meu Blogue faz hoje um ano!

Confesso que não lhe tenho dado grande atenção, devido à provisória falta de imaginação para escrever, e porque é necessário fazer trabalhos para a escola.

O que se passou durante este ano...?
O meu humor sofreu altos e baixos, verificando-se isso na minha escrita; alguns amigos desiludiram-me e outros surpreenderam-me; o meu maninho (actualmente com 1 ano e 5 meses... hei-de colocar uma foto dele aqui, está muito querido e bonito) já tem muitos dentinhos, já começou a dizer algumas palavras ("olá", "bebé", "papa", "mamã", etc) e é um grande brincalhão, já goza connosco ao imitar-nos (não sei a quem é que ele sai!); é supostamente o meu último ano no Camões, que fez 100 anos em Outubro; o Rei da Pop morreu em Junho, o grande humorista Raul Solnado em Agosto, e o meu querido Patrick Swayze também não escapou, em Setembro (fico triste só de ver o que o cancro lhe fez fisicamente. Imagino o que ele sofreu... com aqueles Media americanos a colocarem fotos dele nas capas de revista, escrevendo no cabeçalho "Patrick Swayze: o fim". Deve ter sido muito positivo para ele...).

Bem, não sei o que mais hei-de escrever... espero que o Blogue tenha mais anos de vida!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Uma Aventura em Mafra















A turma mais simpática do Camões esteve em Mafra!

Imaginem, daqui a muitos e muitos anos, uma visita de outros alunos do Liceu Camões, com a sua professora de Português a dizer: " Aqui é a igreja de Santo André, e ao lado seria a casa dos Sete-Sóis. Mas mais meus meninos... este solo foi pisado pelo 12º I! Olhem que não é para qualquer um...".

Ah ah. Agora a sério, foi um dia muito bem passado, proporcionado pela nossa professora de Português e por José Saramago, com o seu maravilhoso livro "Memorial do Convento".

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cântico negro


“Vem por aqui” – dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
e cruzo os braços,
e nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?
[...]
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Liceu Camões - 100 anos














Hoje comemoraram-se os 100 anos do Liceu Camões, e tive o privilégio de fazer parte dessa comemoração, enquanto aluna.
As partes da comemoração de que mais gostei foram: a parte em que o representante dos alunos falou, educadamente, do mau trabalho do Ministério da Educação em relação às escolas (e isto na presença da Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues); e a parte em que o Jorge Palma (antigo aluno da escola) cantou “Encosta-te a Mim”.
Também esteve presente o Presidente da República Cavaco Silva, o médico João Lobo Antunes, Júlio Isidro, Henrique Garcia (todos eles antigos alunos do Liceu Camões),...
Observei emocionados reencontros de outros antigos alunos (já senhores e senhoras), ocorrendo hoje uma junção de várias gerações, do Passado e do Presente, dentro da minha actual escola.

Visto que estou no 12º ano, ir-me-ei embora (se tudo correr bem) um ano depois do século do Liceu. E é por isso que alguns amigos de turma se emocionaram hoje... pois é o nosso último ano na escola. Já nisto pensa muito a nossa Ana Isabel, cujos olhos vêm incorporados com uma torneira de água (eh eh)...

Parabéns, Liceu Camões.

(E, já agora, parabéns ao meu antigo professor de Literatura Portuguesa; à Rita Ferro Rodrigues; e ao Pedrinho, que fez hoje um aninho.)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Patrick Swayze - o verdadeiro espírito do amor




Música: "She's Like the Wind"
(cantada por Patrick Swayze - podemos ouvi-la no filme "Dirty Dancing")

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pensamento confuso


Que confusão vem a ser esta?
Sim, ontem foi um choque de carrinhos. Raio do fedelho e de quem chocou.
E o mês nunca mais acaba mas eu também não quero que acabe, só quero ver e não vejo de tão distante que está dos meus olhos e tão perto que está do coração, quase que me cega a razão.
Mas que raio de pensamentos que são tantos que não aguento, vou explodir num tarda e nem sei o que aparecerá na autópsia senão isto: cérebro destruído por informação confusa a mais e resultados de menos.
Isto só a mim, que se matei alguém noutra reencarnação declaro aqui que já me arrependi, visto que estou a sofrer o dobro do que é uma vida e assim já é demais.
Não é de admirar que ande a formar este texto confuso, com “Memorial do Convento” à cabeceira e “O Primo Basílio” que já partiu, e mais outros que virão… Chamam-lhe instrução e, não discordando, a minha cabeça absorve isto e junta-os à confusão do meu cérebro que às vezes envenena o meu coração. Ora, se os órgãos do meu corpo lutam entre si e não colaboram, imaginem colocar este ser no mundo e esperar que ele colabore com a restante loucura que paira sobre cada um de nós.
E se as vontades fossem realmente uma nuvem dentro do corpo, no meu ou faria bom tempo, pois às vezes dou por falta de nuvens, ou estaria um céu louco, cheio de nuvens boomerang.
Quando a melancolia vem é difícil de despistá-la e, para dar voz a essa melancolia, recorro ao MP3, ouvindo recentemente “You Are Not Alone”, “Heal the world”, “Bad”, “Beat It” e “Billie Jean” de Michael Jackson, que em voz já não morre, esse melhor que muitos de nós está agora, mas que em vida se atirava do poço aos poucos, do poço ou de uma maca de operações. Quem me ouviu e quem me ouve falar sobre ele… da noite para o dia, da vida para a morte, transformou-se a minha opinião acerca deste homem, ou melhor, desta alma penada.
Isto porque depois de morto passaram várias entrevistas e músicas dele. Só assim eu as ouvi, que antes baseava a minha opinião nas polémicas e dizia que não gostava nada dele: “Até me admira ter morrido com esta idade, depois de tanta porcaria que fez e tomou!”, pensei eu. Mas, na verdade, às vezes só dá vontade de tomar medicação e mais porcarias para esquecer os problemas. Acho que 20 Chanax por dia era o que muitos de nós precisava, e só não o fazemos porque sabemos que este corpo, que tem de aguentar tantos problemas, não consegue aguentar tantos medicamentos. Fomos feitos para sofrer, é o que é.
Bem, retomando a conversa acerca do Michael Jackson, eu acho que o compreendo um pouco melhor e até me dá alguma pena (pelo menos em algumas partes da sua vida). Um pai que bate num rapaz quando este não faz as coisas como ele quer e que lhe tira a infância (por isso ele adorava Peter Pan), deixa qualquer um traumatizado. Irmãos que fazem sexo no mesmo quarto onde ele está a dormir e obrigam-no a ouvir prazeres que para ele são torturas, é o suficiente para explicar aquela timidez e asco à palavra sexo (só não percebo porque mexe tanto no seu órgão sexual quando dança, talvez seja para assegurar que, depois de tantas operações, este ainda lá continue…).
Quanto às operações, ora se o pai gozava com o seu nariz e essa foi das primeiras partes do corpo que ele mudou… está explicado. Agora, que ele mente, mente (mas isso todos nós). É impossível só ter feito duas operações, e quanto ao caso de pedofilia não me vou pronunciar, pois não sei. Ele simplesmente diz que os aconchegava e contava histórias, punha música… isto há malucos para tudo, e agora que ele se calou de vez, não vale a pena especular mais (mas isto põe-me de pé atrás porque, se for verdade, eu nunca defenderia um pedófilo).
Quando oiço as músicas que mencionei, sinto-me mais agressiva ou mais melancólica, dependendo da que estou a ouvir, e sabe-me bem. Dizem que ele em palco se transformava completamente, e acho que já o entendo um pouco melhor. Dei por mim a ver as entrevistas que passavam com muita atenção, para o “analisar”. Foi, realmente, um personagem muito interessante… E, como diz o meu avô, foi o único a conseguir isto: nascer negro e morrer branco (e desfigurado).
E com isto, já o Rei da Pop tomou conta do meu texto… Raios me partam que nunca me ponho em primeiro!
Mas já não me apetece retomar as frases inicias, frases confusas, porque há pouco era como eu me sentia mas, como agora estou a voltar à calma da minha mente, já não me apetece escrever mais. Haverá dose para outra vez…
Não, ainda não enlouqueci mas, se continuar assim, pouco faltará. Quando não temos uma das pessoas que mais amamos ao pé, esta é uma das consequências.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O menino de sua irmã


No local abandonado
Que toda a gente esquece,
O doce menino alheado
- Com brinquedos ao seu lado -,
Jaz deitado, e adormece.

Sua vida tem trejeitos de boomerang.
Lança sorrisos perdidos,
Pele clara, cabelo escuro, conhecendo meio sangue,
É raro que alguém o zangue
Sendo ele um dos validos.

Tão doce! Dormitou porque ninguém viera!
(Acordou porque ouviu os pezinhos de lã?)
Irmão único, a irmã lhe dera
Um nome, pois ele era
O menino de sua irmã.

Veio ela à sua beira
Envolvê-lo num gesto leve.
Colocou-o ao colo. De uma maneira
Protectora e matreira.
Unem-se mais a cada olhar breve.

Com a mãozinha direita, esticada
Em direcção ao solo,
Ele segura a chucha utilizada
Na sesta... Agora prefere a bonecada
Situada no outro pólo.

Observadora, ela satisfaz a sua prece:
“Eu só quero o teu bem, minha visão sã!”
(Amor destes não se esquece!)
Jaz sentado, e com um olhar agradece,
O menino de sua irmã.

Cátia Tocha

(a minha versão que, obviamente, não é comparável à original)



O menino de sua mãe


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado -,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
“O menino de sua mãe”.

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

Da outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.

Fernando Pessoa

sábado, 20 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Para ti, Rita ("Cats" - solidariedade)


Há 6 anos que nos conhecemos. Durante estes anos, pude presenciar a tua evolução, uma evolução a vários níveis. Passaste de rapariga a mulher, de professora a amiga, de solteira a casada... Tornaste-te mãe, mais responsável, cada vez mais querida, mais amiga, mais tudo.
Fico muito contente por ainda manter contacto contigo. Tive receio de que isso não acontecesse, mas dos meus 17 para os meus 18, lá estavas tu. Muito obrigado.
Foram 6 anos com 2 anos de intervalo, dado à atarefada maternidade, mas “A nossa amizade pode ter várias vírgulas, mas nunca um ponto final!” (espero que assim o seja).
E mais uma vez me orgulhei de ser tua amiga. Porquê? Porque vais ajudar crianças que necessitam. É um gesto maravilhoso. Fico contente por ainda participar nessa fase da tua vida. Por isso, dia 21 de Junho lá estarei para te apoiar. Fico muito contente por essa tua conquista e por tanta gente gostar de ti, porque mereces (e também... quem não gosta?). Ainda só veremos os frutos do teu trabalho no dia do musical, mas creio profundamente em ti, e sei que consegues isso e muito mais.

Adoro-te, Rita.


http://www.cats-solidariedade.com/

sábado, 30 de maio de 2009

Jantar surpresa


Obrigado pelo jantar surpresa. Foram muito queridos.

- Ana Margarida Pires
- Sílvia Alves
- Pedro Pires
- Susana Ajuda
- Joana Torres

E "tias":

- Rosário Lucena
- Fátima Correia
- Rita Rito
- Sandra Pedra


É em ocasiões como estas que se percebe o sentido da Vida. E que venham mais.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Já lá vão 18 anos...


A 25 de Maio de 1991
Nasci eu sem destino algum.













Há 18 anos que tropeço
E é desta forma que cresço.
Dos meus 17 me despeço,
Mas dos meus amigos não esqueço.


Beijinhos para todos os que adoro.

Vocês são a razão da minha existência (a seguir ao meu mano, eheh, pois claro).

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ainda é cedo


Afasta-te de mim.
Ainda é cedo.
Ainda está longe o fim,
Ainda resisto ao medo.

Por enquanto,
Não esperes por mim.
Não anseies tanto,
Não queiras o meu fim.

Busca outras Almas...
A esperança ainda me percorre.
Ainda paira esta incerteza
Que o meu coração absorve.

Não desvies a minha atenção
Para ti.
Não me mostres essa tua escuridão
Sem fim.

Quando te aproximas depressa,
É um grande frenesim.
Ninguém de ti regressa,
Toda a gente acaba assim.

De qualquer forma,
A ti acabarei por chegar.
É a sina do Ser Humano,
Ver-te em último lugar.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Quase Dois Meses Para Um Ano




Quase Um ano perdido,
Uma Vida abandonada.
Ainda acabo comigo,
Porque sem ti já não sou nem quero ser nada.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Otelo Saraiva - 25 de Abril de 1974



Otelo Saraiva, um dos Capitães de Abril, esteve hoje no Auditório da minha escola.
Tive o privilégio de ouvir da sua boca a história do 25 de Abril de 1974.
Muito simples, simpático e afável, partilhou um pouco da sua vivência com os alunos da escola frequentada também por ele no passado (na altura, o Liceu Camões).
Confesso que não dava tanta importância a este Capitão de Abril como ele merecia. Na televisão, sempre ouvi muito o nome do Capitão Salgueiro Maia, e não me recordo de mencionarem tanto Otelo Saraiva (que se pode aclamar como o Pai do 25 de Abril de 1974...).
Foi ele quem deu ordens ao Salgueiro Maia e aos outros. Foi ele quem traçou o plano de ataque e quem informava e manobrava os Revolucionários.
Quando encurralaram Marcelo Caetano no Quartel do Carmo, Otelo Saraiva disse ao Salgueiro Maia: "Avança. O Coelho está na Toca".
E muitas outras coisas nos explicou.
Fico muito contente por ter estado hoje com um Senhor que ficou para a História.
Aqui fica um grande obrigado pela Liberdade que Otelo Saraiva e tantos outros nos deram... (ou eu hoje não teria um Blogue e nem poderia sequer mencionar palavras como "Liberdade", e falar do cerco a Marcelo Caetano).

terça-feira, 28 de abril de 2009

OS AMIGOS


Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a Terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós – diziam – lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
- Que cento e nove impávidos marotos.

de Camilo Castelo Branco


Pois é... os verdadeiros amigos contam-se pelos dedos da(s) mão(s). O resto é passageiro. Decora o nosso vazio mas não o preenche.
O que interessa é a qualidade e não a quantidade.
Confesso que sou muito meticulosa a escolher os meus amigos.
Quem se congratula por ter muitos amigos, ilude-se. Quando for mesmo necessário, maior parte desaparecerá. Mas só assim descobriremos os verdadeiros.
Os falsos amigos são como as ondas do mar: vão e vêm num piscar de olhos...
Os verdadeiros são como as pedras depositadas na areia pelo mar, e nela ficam anos e anos...
As pedras, nós podemos apanhá-las, senti-las, guardá-las... E as ondas do mar...?