quarta-feira, 29 de abril de 2009

Otelo Saraiva - 25 de Abril de 1974



Otelo Saraiva, um dos Capitães de Abril, esteve hoje no Auditório da minha escola.
Tive o privilégio de ouvir da sua boca a história do 25 de Abril de 1974.
Muito simples, simpático e afável, partilhou um pouco da sua vivência com os alunos da escola frequentada também por ele no passado (na altura, o Liceu Camões).
Confesso que não dava tanta importância a este Capitão de Abril como ele merecia. Na televisão, sempre ouvi muito o nome do Capitão Salgueiro Maia, e não me recordo de mencionarem tanto Otelo Saraiva (que se pode aclamar como o Pai do 25 de Abril de 1974...).
Foi ele quem deu ordens ao Salgueiro Maia e aos outros. Foi ele quem traçou o plano de ataque e quem informava e manobrava os Revolucionários.
Quando encurralaram Marcelo Caetano no Quartel do Carmo, Otelo Saraiva disse ao Salgueiro Maia: "Avança. O Coelho está na Toca".
E muitas outras coisas nos explicou.
Fico muito contente por ter estado hoje com um Senhor que ficou para a História.
Aqui fica um grande obrigado pela Liberdade que Otelo Saraiva e tantos outros nos deram... (ou eu hoje não teria um Blogue e nem poderia sequer mencionar palavras como "Liberdade", e falar do cerco a Marcelo Caetano).

terça-feira, 28 de abril de 2009

OS AMIGOS


Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a Terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós – diziam – lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
- Que cento e nove impávidos marotos.

de Camilo Castelo Branco


Pois é... os verdadeiros amigos contam-se pelos dedos da(s) mão(s). O resto é passageiro. Decora o nosso vazio mas não o preenche.
O que interessa é a qualidade e não a quantidade.
Confesso que sou muito meticulosa a escolher os meus amigos.
Quem se congratula por ter muitos amigos, ilude-se. Quando for mesmo necessário, maior parte desaparecerá. Mas só assim descobriremos os verdadeiros.
Os falsos amigos são como as ondas do mar: vão e vêm num piscar de olhos...
Os verdadeiros são como as pedras depositadas na areia pelo mar, e nela ficam anos e anos...
As pedras, nós podemos apanhá-las, senti-las, guardá-las... E as ondas do mar...?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pequeno poema sobre “Os Maias”


N“Os Maias”
Aparecem poucas saias.
Muitos homens importantes...
Muitos deles arrogantes.

Uma boa leitura,
Um bom conhecimento da Literatura.
Um prazer a cada página lida,
Um amor com tendência suicida.

Pedro da Maia teve azar,
Teve-o também o seu filho sem o procurar.
Já Maria Monforte foi traiçoeira,
Acabando por destruir uma família inteira.
Afonso da Maia, um sofredor,
Vendo seu filho entregar-se à dor.

Maria Eduarda,
Por o irmão apaixonada.
Mal sabiam eles o encesto que cometiam,
Quando um para o outro se despiam.

Carlos da Maia, sofrendo de Diletantismo,
Também se deixou levar pelo Romantismo.
Já João da Ega era pelo Naturalismo,
Discutindo com Alencar acerca de Lirismo.

No fundo, muitos foram piegas,
Sofrendo com paixões cegas.
Eusébiozinho, um verdadeiro fraquinho.
Palma Cavalão, como tantos outros,
Era um intrujão.

A família Maia findou em dois irmãos,
Um casal cheio de ambição.
Cheio de ambição um pelo outro,
Com mãe prostituta e pai morto.

Um romance repleto de ironia,
Grande característica de quem o escrevia.
“Não era Eça que tinha ironia.
Era a ironia que o tinha a ele.”

Escrevi este poema apreciador,
Porque gostei de ler o romance deste grande Senhor.
Aconselho o livro a quem dele quiser desfrutar,
Pois aposto que vão adorar (como tantos outros).